Vivemos em uma cidade sem memória. Igrejas vão abaixo pela efemeridade dos “bondes modernos”, casarões são mantidos no descaso, até se auto-demolirem, um clube social de grande importância virou supermercado e agora, vão derrubar mais um castelo.
E não uma simples ruína mas sim um castelo onde algumas gerações reinaram dentro de 1 século de história. Para ser precisa, 6 turmas de em média 35 crianças de 11 séries, o que dá uma média de 2300 pessoas por ano. Não vou calcular quantas pessoas transitaram dentro desse século porque não tenho habilidade suficiciente com estatísticas para tal.
Nesse castelo se ensinava que a vida não é só luta por dinheiro e sucesso. Aliás, nesse castelo sucesso era ter o amor real dos pais.
Um castelo que não era só um monte de tijolos e concreto, caixas de areia, mangueiras, amendoeiras, palmeiras, pitangueiras, escadarias, cantinas, gradios, telha velha, cadeiras de capela, laboratório velho e assustador de ciências, auditório empoeirado, sala da diretoria, sala do SOE, sanduíche do Amado, chiclete na parede, piano da aula de música, cartazes do FEMIM, barro da quadra no chão da sala, corredores escuros (longos e intermináveis), música pra subir, Ave Maria pra descer, joelho ralado, beijo roubado, ônibus atrasado e apostila mimeografada. Era a infância e a memória de muita gente, até de gente que não estudava ali.
Mas o que vale o que para a construtora que vai derrubar um castelo? apenas dinheiro.
Vale mesmo é o que ficou na história das milhares de pessoas quie transitaram no Colégio Nossa Senhora da Vitória, assim como no cabeçalho da apostila. Fica na memória aquele tempo em que a educação tinha um significado diferente… um tempo que não volta mais. Até porque, as fabriquetas de educar agora só têm tempo preparar nossos filhos para serem pessoas competitivas e de sucesso.